Como Arquivo X Influenciou Breaking Bad
Continue LendoRoberto Honorato
Qual a conexão entre as duas?
31minutos de leitura
Convenhamos que o ano 2020 foi um desastre em quase todos os aspectos. Além de toda a tragédia das vidas perdidas por conta do vírus COVID-19, a indústria do audiovisual também teve suas baixas, principalmente as salas de cinema, que não puderam receber os espectadores e ficaram fechadas por meses, dando bastante prejuízo para os exibidores. Mas o que é entretenimento e comércio perto de vidas humanas?
Esse pode ter sido o pior ano da indústria cinematográfica (nem mesmo em tempos de guerra tivemos uma reação em cadeia tão grande de salas sendo fechadas), mas a TV e os serviços de streaming conseguiram manter suas séries em dia, isso porque a maioria já tinha sido filmada e só precisou passar pelo tratamento na pós produção. E por mais que eu queira indicar séries pouco reconhecidas, como Truth Seekers (disponível no Amazon Prime Video), o meu compromisso aqui é com ficção científica, e não há elementos o suficiente para poder estabelecer essa série como algo do gênero, mas fica a dica mesmo assim.
Agora vamos para as regras:
1. Nos anos anteriores, as retrospectivas têm seguido um formato um pouco diferente, no qual listo e faço pequenos comentários sobre cada produção que merece um destaque naquele ano. Mas por destacar apenas as que eu gostei, deixei de fora outras séries que, por mais que eu não considere essenciais, podem acabar agradando alguém. Por isso, esse ano decidi desenvolver a retrospectiva em forma de lista, indo da pior para a melhor.
2. Entram na lista apenas as séries que tiveram exibição em 2020, e para alguns casos, eu incluí produções que tiveram início no ano anterior, mas terminaram em 2020, assim como produções que tiveram início em 2020 e terminarão em 2021. Pelo menos metade da temporada precisa ter sido exibida durante o ano da retrospectiva.
3. Infelizmente, como sou apenas uma pessoa, não fui capaz de assistir TUDO que foi lançado no ano, mas acredito que o número de produções mencionadas nesse texto será satisfatório. Séries como Doctor Who, Stranger Things, Agents of S.H.I.E.L.D e Future Man acabaram sendo deixados como MENÇÃO HONROSA simplesmente porque (ainda) não assisti as novas temporadas, mas deixo aqui como indicação já que nunca chegaram a decepcionar, então merecem ao menos esse pequeno reconhecimento. E perdão aos fãs de Lovecraft Country, porque ainda não terminei a temporada, mas até onde vi, estava muito boa, então… menção honrosa também.
4. Obviamente, a ordem da lista segue minha opinião completamente subjetiva, já que gosto é gosto, mas a principal função desse texto é lembrar, criticar e indicar o que saiu de melhor (e pior) na ficção científica de 2020.
Agora, vamos ao que interessa:
O ranking das 21 séries de ficção científica de 2020, da pior para a melhor.
Desenvolvida por Andrew Hinderaker
Disponível na Netflix
Com um elenco mais do que competente, nem mesmo as atuações da premiada Hilary Swank e Josh Charles conseguem salvar o melodrama original da Netflix, que vem tentando emplacar mais produções de ficção especulativa nos últimos anos, mas com sua política de prezar por quantidade no lugar da qualidade, o catálogo do serviço de streaming acaba trazendo séries como Outra Vida ou The I-Land, e esse ano com Away.
A astronauta Emma Green (Swank) está prestes a embarcar em uma missão arriscada com uma equipe internacional, mas não está pronta para deixar seu marido e filha sozinhos na Terra. A proposta de desenvolver um drama mais íntimo é boa, e a série chegou a ser uma das mais assistidas em sua semana de lançamento, mas o enredo fraco e repetitivo fez com que o público perdesse o interesse rapidamente, e como a Netflix baseia suas renovações de série quase exclusivamente em “audiência”, Away foi cancelada.
Hilary Swank esteve no elenco de um dos melhores filmes FC de 2019, o thriller independente I am Mother. Depois de ter entregado uma atuação tão boa e o filme ter recebido certo reconhecimento entre os fãs do gênero, é uma pena ver que Away não foi a melhor escolha para aproveitá-la. Não foi uma série ruim, mas facilmente a mais esquecível da lista (uma grande parte já sumiu da minha memória).
Desenvolvida por Gillian Flynn
Disponível na Amazon Prime Video
Em 2013, Dennis Kelly foi responsável por uma das séries mais loucas da TV britânica. Utopia é protagonizada por um grupo de de amigos virtuais que acabam se encontrando para debater sua teoria da conspiração favorita, uma revista em quadrinhos que aparentemente contém informações capazes de revelar um enorme segredo envolvendo futuras ameaças, como sabotagem corporativa ou até mesmo uma pandemia. Durante sua exibição original, a série não atraiu tanto o público quando merecia, mas ao longo dos anos passou a ser reconhecida como uma produção bastante cultuada por quem é apaixonado por ficção científica.
Mas como toda boa obra lançada em qualquer parte do mundo, chega o momento em que algum estúdio decide adaptar a história para o público norte-americano. Só que dessa vez, tínhamos os nomes de David Fincher e Gillian Flynn no comando, os mesmos responsáveis pelo excelente filme Garota Exemplar, então talvez dessa vez a versão estadunidense pudesse trazer algo de novo, ainda mais considerando toda a premissa absurda e o contexto de um 2020 tomado por uma pandemia.
Para a tristeza de alguns, David Fincher acabou saindo do projeto para se dedicar ao seu próximo longa-metragem, o drama Mank. Ainda assim, Flynn é uma realizadora inteligente, o que acalmou o público. Mas depois de lançar sua primeira temporada, a versão norte-americana de Utopia se mostrou apenas uma colagem dos melhores momentos da série original, mas sem o mesmo impacto visual das cores e movimentos de câmera criativos, ou a forma como a trama era muito bem executada, dando igual atenção para cada núcleo dramático. Mesmo com um ótimo elenco, que inclui Rainn Wilson e John Cusack, Utopia tentou respeitar o material original, mas esqueceu que toda boa adaptação precisa de mudanças, então ficamos com uma temporada cheia de bons efeitos visuais e atuações, mas sem charme algum.
Desenvolvida por Grant Morrison, Brian Taylor e David Wiener
Sem distribuição no Brasil. Disponível no streaming Peacock.
Adaptar o clássico de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, não é tarefa fácil. Por isso, o estreante serviço de streaming Peacock decidiu trazer três showrunners para desenvolver a série. De primeira, fiquei curioso com o envolvimento de Grant Morrison, um quadrinista que adoro e sempre tem idéias bem mirabolantes para suas histórias. Por um lado, ele realmente colaborou para uma construção de mundo mais contemporânea, utilizando elementos do livro original para formar um comentário intrigante sobre entretenimento, mídia e excesso. Mas ao mesmo tempo que sua visão diferente cria um tom único para a série, também a compromete por não dar a mesma atenção aos personagens.
Ao contrário de Utopia, Admirável Mundo Novo soube adaptar o material e transformá-lo em algo novo, mas o drama e enredo fraco fizeram com que tudo isso fosse uma grande oportunidade desperdiçada, tanto que a série foi cancelada antes do ano acabar.
Desenvolvida por Baran Bo Odar e Jantje Friese
Disponível na Netflix
Foi apenas esse ano que finalmente decidi maratonar a aclamada série alemã, Dark, o drama que conta a história de quatro famílias na pequena cidade de Winden. Cheia de segredos entre seus habitantes, a cidade também esconde um mistério envolvendo o desaparecimento de suas crianças em datas diferentes, mas circunstâncias similares.
Em uma jornada envolvendo viagem temporal e realidades alternativas, o público ficou fascinado pela forma que a série trabalhou seus temas nas duas primeiras temporadas, e por isso havia uma grande expectativa pela sua terceira e última.
Com tantos personagens, conceitos e elementos complexos, Dark teve dificuldade ao tentar equilibrá-los, o que resultou em uma temporada final mais inconsistente e apressada, que precisou dar tanta atenção para explicar seus conceitos, mas acabou esquecendo de desenvolver o que fez dela um sucesso em primeiro lugar: o drama dos personagens.
Desenvolvida por Jonathan Nolan e Lisa Joy
Exibido pela HBO e disponível na HBO GO
Adaptação seriada do clássico Westworld: Onde Ninguém tem Alma, de 1973, Westworld tem sido uma das minhas séries favoritas desde sua estréia, com uma primeira temporada impressionante, não só em escala por conta do investimento nos efeitos visuais, mas no ótimo enredo, com uma narrativa inventiva e cheia de diálogos impecáveis, ainda mais quando interpretados por alguém do calibre de Anthony Hopkins. Mas ele não é o único destaque, já que o elenco é um dos pontos altos da obra, com nomes como Evan Rachel Wood e Ed Harris.
Mas como uma série tão incrível foi parar em uma posição tão desfavorecida quanto essa? Infelizmente, depois de uma segunda temporada menos impactante do que a primeira, a terceira procurou por revelações e tramas ainda mais impressionantes. O problema é que ela tentou demais ao ponto de ter desenvolvido sua narrativa inteira em volta de reviravoltas, muitas delas previsíveis e desnecessárias, que simplesmente davam em nada, com subtramas abandonadas aleatoriamente. Nem mesmo incluir Aaron Paul no elenco ajudou, e Westworld foi da série mais criativa da HBO para uma ficção científica voltada para um cyberpunk quase sem identidade.
Desenvolvida por Aaron Guzikowski
Sem distribuição nacional. Disponível apenas no streaming HBO MAX.
Uma série sobre androides cuidando das últimas crianças humanas depois de uma guerra na Terra? Quero! Produzida por Ridley Scott? QUERO MESMO! E por mais que eu tenha me animado bastante com os visuais incríveis e boas atuações, Raised By Wolves cai na mesma armadilha de Westworld e Dark, e parece se enroscar no emaranhado de símbolos e metáforas religiosas que tenta conciliar com elementos de ficção científica.
Não é a primeira vez, e não será a última, que Ridley Scott se aproveita de conceitos existenciais e religiosos para desenvolver um comentário sobre a moralidade humana. Os temas e os mistérios são intrigantes, há muitas ideias boas na proposta, mas a execução peca ao tratá-las de forma superficial, criando conclusões sem muito peso para o drama dos personagens. Com exceção de uma direção de arte belíssima, Raised by Wolves se beneficiaria ainda mais de um roteiro menos carregado.
Ainda assim, que final foi aquele? Conte comigo para a segunda temporada!
Desenvolvida por Josh Friedman e Graeme Manson
Disponível na Netflix
Adaptação de um quadrinho de mesmo nome, o filme Snowpiercer (Expresso do Amanhã) foi lançado em 2013, e pode não ter recebido tanta atenção na época, mas começou a ganhar fôlego com o passar dos anos, principalmente pelo conceito de transformar um trem em uma alegoria para a batalha de classes, com cada vagão servindo como uma representação de alguma casta social. E a popularidade pode ter aumentado ainda mais por conta de seu diretor, Bong Joon Ho, que venceu o Oscar 2020 com seu filme Parasita.
Como (quase) tudo que faz sucesso no cinema, Snowpiercer recebeu uma versão seriada, estrelada pelo carismático Daveed Diggs. Mas para que a narrativa funcione em um formato episódico, a saída foi transformar a alegoria política do filme em um thriller policial, com um protagonista que, ao invés de apenas tentar mudar o sistema, agora precisa usar suas habilidades como detetive para resolver um caso de assassinato.
Com um bom elenco e um enredo competente, Snowpiercer não chega a ter todo o impacto visual do longa de 2013, mas é uma boa pedida para quem procura uma série policial em um futuro pós-apocalíptico.
De Alex Kurtzman, Akiva Goldsman, Michael Chabon e Kirsten Beyer.
Disponível na Amazon Prime Video
Nada me deixou tão ansioso quanto o retorno de Jean-Luc Picard, um dos capitães mais adorados da franquia e protagonista da série Jornada nas Estrelas: A Nova Geração (The Next Generation), interpretado por Patrick Stewart. Essa foi uma série que tinha diversos obstáculos em seu caminho, como ter que agradar o público da série original e conquistar novos espectadores.
O resultado é um híbrido entre a ação rápida da timeline Kelvin e da série Discovery, com toques de A Nova Geração, dando espaço para pequenos momentos de reflexão e silêncio (pequenos mesmo, infelizmente). Talvez nem todos concordem com essa decisão, mas particularmente considero um compromisso necessário, desde que tenhamos um enredo e personagens consistentes.
Mas infelizmente, para cada acerto, a temporada também cometeu erros enormes. Além de toda a violência gratuita e as subtramas mal construídas, Picard parece um coadjuvante em sua própria série, dando espaço para personagens bem menos interessantes.
Desenvolvida por Greg Daniels
Disponível na Amazon Prime Video
Nathan é um jovem programador procurando por investidores, mas depois de sofrer um acidente de carro, recebe a chance de ser integrado a uma realidade virtual onde você pode salvar a sua consciência antes de morrer e continuar sua segunda vida em um paraíso chamado Lakeview.
Mesmo relutante, acaba aceitando a oferta de sua namorada, mas agora vive em uma realidade controlada por computadores. Mesmo tendo um avatar físico e outras consciências com quem conversar, Nathan se sente mais sozinho do que nunca; mas as coisas mudam quando ele conhece Nora, uma das atendentes trabalhando para manter Lakeview e seus clientes satisfeitos.
Upload têm problemas, alguns deles podem te tirar completamente da série, mas essa primeira temporada tem seus momentos e sabe se divertir com as regras do seu mundo. Pode não ser imperdível, mas pode te entreter com boas piadas e um roteiro mais consistente do que imaginei que seria, principalmente considerando a premissa e todos os conceitos apresentados.
Desenvolvida por Mike McMahan
Sem distribuição nacional. Disponível no streaming CBS ALL ACCESS.
Voltando para o universo de Jornada nas Estrelas, Lower Decks é uma série que foca na parte menos glamurosa das naves da Federação, seguindo a equipe de oficiais de baixa patente, que fazem todo tipo de trabalho servindo de assistentes para a tripulação principal. Eles tem que consertar replicadores de comida, fazer catalogações de novas espécies, limpeza geral, manutenção dos holodecks e toda aquela coisa que ninguém gosta de fazer.
Seguindo o mesmo estilo de animação e o humor de séries como Rick and Morty, Lower Decks tem boas idéias, e se dá bem quando quer faz algo original e engraçado, mas um enorme problema é a dependência dos roteiristas em nostalgia, o que faz com que os roteiros sejam cheios de referências vazias que, por mais obscuras que sejam, não servem propósito algum. Quando não foca nisso, Lower Decks fica bem melhor.
Desenvolvida por Bryan Fuller e Alex Kurtzman
Disponível na Netflix.
Depois de duas temporadas sem parecer saber qual seu propósito, Discovery finalmenteencontrou uma solução para poder desenvolver uma narrativa própria. Ao transportar a história de Burnham e companhia para um futuro distante, a série conseguiu se livrar da obrigatoriedade em tentar equilibrar uma tecnologia mais avançada com a estética mais “clássica” da linha temporal. Não é como se eles já estivessem fazendo um bom trabalho nesse departamento, mas com essa desculpa narrativa Discovery pode explorar a mitologia de Jornada sem se preocupar tanto com anacronismos.
Mantendo os efeitos visuais de qualidade, introduzindo novos personagens interessantes e subtramas mais envolventes, vamos torcer para que não tenhamos mais mudanças inesperadas nos bastidores que causem a bagunça que foi a temporada anterior.
Desenvolvida por Mike McMahan e Justin Roiland
Ainda não tem distribuição nacional. Disponível no streaming Hulu
Em Solar Opposites seguimos o cotidiano de uma família alienígena que precisou fugir de Schlorp, seu planeta-natal utópico que acabou atingido por um asteroide. Mas na procura por um novo lar, sua nave cai na Terra, onde eles agora vivem e reclamam dos costumes e rituais humanos. Os aliens Korvo e Terry são os guardiões de dois replicantes infantis, Yumyulack e Jesse. Juntos, eles tentam se adequar aos costumes terráqueos.
Solar Opposites pode ter seus defeitos, mas é quando explora o caos do cotidiano que realmente brilha, e isso porque o comediante e dublador Justin Roiland é excelente em humor improvisado. Terminamos a temporada com algumas pontas soltas, e por mais que essa não tenha sido uma das animações mais marcantes do ano, talvez eu volte para mais no futuro. São apenas oito episódios e eles passam voando.
Leia a crítica completa AQUI.
Desenvolvida por Pedro Aguilera
Disponível na Netflix.
Nina Peixoto (Carla Salle) trabalha para uma enorme empresa de vigilância, e as coisas parecem ir bem até o dia em que seu pai é assassinado misteriosamente e o sistema que acredita ser infalível não é capaz de revelar um culpado. Assim, Nina procura uma maneira de descobrir o responsável enquanto tenta burlar o sistema e as câmeras em sua volta.
Produção nacional, Onisciente não se limita às referências do gênero, como Asimov e Philip K Dick, e cria um universo próprio, com personagens e regras bem estabelecidas. Essa série é mais um passo para o avanço de produções de gênero no mercado nacional, um que ainda pode ser bastante influenciado por material norte-americano, mas carrega uma voz cada vez mais forte.
Leia a crítica completa AQUI.
Desenvolvida por Jon Favreu
Disponível na Disney+
Eu admito não ser o maior fã de Star Wars, mas The Mandalorian conseguiu me conquistar pelas narrativas contidas e a estrutura de western que aquece meu coração. Os efeitos especiais são impressionantes, com um orçamento gigantesco, que acaba se justificando com sequências de ação maravilhosas. Além disso, personagens carismáticos e diretores convidados de alto calibre, como Taika Waititi e Robert Rodriguez.
A primeira temporada foi facilmente a melhor produção no universo de Star Wars em décadas, e por mais que a segunda temporada não tenha me conquistado do mesmo jeito, por conta das conveniências do roteiro e o excesso de fan service nostálgico desnecessário (a conclusão da segunda temporada não me emocionou, não deu), ainda assim foi uma das mais divertidas do ano, com aventuras que não perdem o fôlego e enriquecem o universo da série cada vez mais.
Desenvolvida por Dan Harmon e Justin Roiland
Disponível na Netflix.
Rick and Morty é uma das animações mais aclamadas da TV. Mesmo não sendo reconhecida em seus primeiros anos, começou a ganhar enorme atenção no Brasil assim que teve seus episódios disponibilizados pelo serviço de streaming Netflix. Depois das duas primeiras temporadas, a série parece ter perdido um pouco de fôlego, mas com a estréia da quarta temporada, sinto que eles estão voltando aos trilhos.
Eu nem preciso falar demais dessa série porque, convenhamos, ela está popular em um nível de uma parcela dos fãs ter se tornado insuportável. Alguns acreditam que a animação perdeu toda a graça, mas ainda vejo muito material que pode ser explorado no futuro.
De Fred Armisen, Tim Heidecker, John C. Reilly e Jonathan Krisel
Sem distribuição nacional. Disponível na SHOWTIME.
Antes mencionei a série Away, que pode não ter elementos de ficção científica o suficiente, mas ainda assim traz uma narrativa de exploração espacial e, convenhamos, todo fã do gênero adora uma história envolvendo astronautas. Em 2020 tivemos duas comédias que focam nos bastidores da NASA, a primeira sendo Space Force, estrelada por Steve Carell; a segunda foi uma bem menos popular, Moonbase 8. A diferença entre as duas é que Space Force parece apenas uma grande sátira feita às pressas para brincar com uma força tarefa espacial proposta por Donald Trump (nenhuma surpresa), enquanto Moonbase 8 tem uma escala bem menor e aproveita seu elenco para criar situações hilárias.
Estrelada por Fred Armisen, Tim Heidecker e John C. Reilly, a série segue três astronautas em uma base de testes, onde eles treinam para uma futura missão lunar. Ao longo de oito episódios assistimos os três comediantes improvisando diálogos e protagonizando situações ridículas por conta do seu comprometimento com a missão. Como se os três não fossem o suficiente, o espectador começa a questionar como a NASA decidiu contratar pessoas tão incompetentes, o que cria uma linha narrativa curiosa. É uma das séries menos conhecidas dessa lista, mas vale muito a pena para quem procura uma comédia bem feita.
Desenvolvida por Armando Iannucci
Disponível na HBO GO.
Eu demorei para assistir a primeira temporada de Avenue 5 por conta das diversas críticas negativas, mas quando comecei a assistir percebi que a maioria delas envolvia o humor da série, idealizada por Armando Iannucci, mais conhecido por seu trabalho em comédias como Veep. E talvez esse seja o problema, o humor de Iannucci é muito específico, sem punchlines ou nada que te faça gargalhar, mas é o tipo de comédia na qual os diálogos entregam mensagens conflitantes e o espectador precisa questionar o quanto daquilo é real, e o quanto é baboseira. Sim, é um humor muito específico, mas se ele não te pegar, a série com certeza não funciona.
A história gira em torno dos tripulantes de um cruzeiro espacial de luxo, que depois de um acidente tem o seu curso alterado, fazendo com que todos fiquem presos lá por bem mais tempo do que imaginavam. Além de lidar com as notícias ruins, os clientes precisam aturar o capitão e sua equipe, que são fazem idéia do que fazer.
A temporada passa a pegar mais fôlego e ficar mais dinâmica com o decorrer dos episódios, mas até lá, muitas pessoas já abandonaram, o que é uma pena porque a série tem ótimas atuações de Hugh Laurie e Zach Woods, além de efeitos especiais de qualidade (orçamento HBO). Para quem não gosta do humor, essa série vai ser um desastre, mas para quem procura uma comédia mais sutil, vai adorar tanto quanto eu.
Desenvolvida por Duncan Trussell
Disponível na Netflix.
Clancy comanda um podcast espacial chamado The Midnight Gospel, onde entrevista seres diversos de planetas em extinção. Com um simulador de multiversos, ele pode enviar um avatar com a sua consciência para estes planetas e gravar longas conversas, que podem ir de um simples questionamento sobre a legalização da maconha até uma viagem através dos sentidos, com debates sobre ética existencial e identidade.
Não se deixe enganar por elementos como barcos carregados pela energia positiva de gatos ou unicórnios que vomitam sorvete, The Midnight Gospel é uma experiência única através do espaço e da alma.
Leia a crítica completa AQUI.
Desenvolvida por Nathaniel Halpern
Disponível na Amazon Prime Video
Inspirado nos livros de Simon Stålenhag, que participa da série como roteirista e produtor executivo, Tales From The Loop segue a rotina dos habitantes de uma pequena cidade localizada acima de uma instalação de pesquisa, onde se encontra uma máquina chamada The Loop, capaz de explorar diversos mistérios do universo. Isso acaba afetando os habitantes, que experienciam situações inusitadas envolvendo inconsistências temporais, forças que desafiam as leis da física e outras coisas que poderiam ter saído de alguma obra de ficção científica.
Tales From The Loop é uma série que segue os moldes de outros grandes sucessos, mas se destaca na execução, apresentando mundos e personagens diversos sem depender de suas referências, explorando o que há de mais complexo na ficção científica, o ser humano.
Leia a crítica completa AQUI.
Desenvolvida por Alex Garland
Disponível na FOX Premium
Alex Garland fez sua carreira com a ficção científica, como os filmes Ex_Machina e Aniquilação, o que atraiu os fãs do gênero, mas assustou os estúdios por conta do orçamento gasto com efeitos visuais, e roteiros que não seguem uma linha narrativa tão tradicional. Então, quando decidiu desenvolver uma história sobre uma instalação de pesquisa capaz de visitar o passado e observar o futuro, o formato seriado foi o mais apropriado.
DEVS foi produzida pelo canal FX, e em oito episódios consegue trazer um espetáculo visual impressionante, tão bom que não fica devendo aos seus filmes. Mas além dos visuais e da trilha musical assustadora, há também um enredo complexo e intrigante, e um drama construído para casar perfeitamente com os temas da série. Nem todas as atuações são impecáveis como a parte técnica, mas os pontos altos conseguem apagar completamente os defeitos da temporada. Amito que ela não seja para todos por causa do ritmo lento e a direção quase experimenta em alguns episódios, mas para quem procura algo totalmente diferente, DEVS é uma experiência única.
Desenvolvida por Daniel Abraham, Mark Fergus, Ty Franch e Hawk Ostby
Disponível na Amazon Prime Video.
E como já era esperado, mais uma vez The Expanse é a série essencial para todo fã de ficção científica. Efeitos visuais de qualidade, conceitos originais, tramas emocionantes e uma abordagem mais realista de exploração espacial e política nas narrativas especulativas, essa série tem de tudo. Ela pode ter uma primeira temporada lenta, que demora estabelecendo as regras do mundo, mas quando passa a focar nos personagens e nas missões, The Expanse é o que o gênero tem de melhor para oferecer.
A tripulação da nave Rocinante continua sua jornada em busca de respostas para os eventos misteriosos que acabara de presenciar, enquanto precisam se envolver em um longo conflito entre a Terra, Marte e os membros do cinturão de asteroides de Ceres. Em 2020 tivemos a estréia de sua quinta temporada (felizmente, depois de ser cancelada pelo canal SYFY, a Amazon comprou os direitos da série), e por mais que seja a série mais avançada em episódios dessa lista, é uma das que mais vale a pena, se não for a melhor. E é por isso que ela continua no topo.
Então é isso!
Sentiu falta de alguma série?
Deixe um comentário com os seus favoritos do ano, eu sempre gosto de receber indicações, e espero que tenham gostado das que postei aqui.
Até a próxima!
Roberto Honorato
Qual a conexão entre as duas?
Roberto Honorato
Uma atmosfera absurda e única que pode agradar qualquer fã de Twin Peaks ou Arquivo X