Que saudade de fazer listas para o site! Já passamos por três décadas diferentes (2010, 2000 e 1990) e está na hora de chegar em uma das melhores para a ficção científica, onde alguns clássicos essenciais para o gênero foram lançados. Para não perder tempo e poder falar de cada um deles, vamos começar (lembrando que haverão várias indicações, mesmo que elas não recebam um grande destaque no texto, se estiver em negrito, vale a pena assistir).
Como pode ter notado pela ordem de envio das listas aqui no site, elas são postadas em ordem decrescente. Mesmo que ainda não tenha explorado a década de 1970, decidi começar as indicações com algumas continuações que mantiveram a qualidade do filme original. Aqui eu separo longas como O Império Contra-Ataca (1980),o favorito de muitos fãs da franquia Star Wars; Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (1982), que finalmente trouxe mais popularidade para Star Trek na telona, ainda mais considerando a recepção pouco calorosa do público para o primeiro filme, agora com uma trama melhor e o vilão mais marcante da série, Khan, interpretado pelo ótimo Ricardo Montalbán. Mas se eu tenho que escolher uma continuação que não só manteve a qualidade da franquia como renovou a abordagem trazendo mais ação ao horror espacial, fico com Aliens, O Resgate (1986), desta vez dirigido por James Cameron.
E por falar em James Cameron, a década de 80 foi uma das melhores para sua carreira. Além de uma sequencia satisfatória para o Alien de Ridley Scott, Cameron dirigiou O Segredo do Abismo (1989), com uma premissa simples mas eficaz envolvendo uma equipe tentando resgatar um submarino nuclear desaparecido. Mesmo que este tenha sido um filme mais do que competente, uma das maiores criações de Cameron havia surgido há alguns anos, com OExterminador do Futuro (1984), que abriu caminho para uma das franquias mais rentáveis do cinema, principalmente quando teve sua continuação em 1991. O filme foi um sucesso entre a crítica e bilheteria, catapultando a carreira de Arnold Schwarzenegger como o carismático T-800.
Schwarzenegger teve uma das agendas mais ocupadas da década, estrelando doze filmes, alguns clássicos da ficção científica, como O Sobrevivente (1987), uma distopia onde a humanidade é fascinada por um programa televisivo onde os participantes correm por suas vidas. O ator foi o principal motivo para o filme ser lembrado até hoje, mas eu decidi escolher outro para representar o que ele fez de melhor nesta época, o explosivo O Predador (1987), que teve algumas das cenas de ação e diálogos exagerados mais marcantes do cinema e originou uma criatura tão adorada pelo público que logo começou a rivalizar com o queridinho Alien, rendendo uma franquia própria de Alien vs. Predador.
Outro nome marcante para a década foi John Carpenter. Mais conhecido por seus filmes de terror, Carpenter se envolveu em alguns projetos sci-fi como Starman: O Homem das Estrelas (1984) e Eles Vivem (1988), uma obra divertidíssima, com personagens engraçados e uma trama louca envolvendo um óculos que pode mostrar a verdade por trás de todas as mensagens envolvendo o consumo desenfreado da população.
Ele também dirigiu Fuga de Nova York (1981), mais uma FC de ação que não poderia faltar nessa lista, estrelada por Kurt Russell, que no ano seguinte também seria o protagonista de uma das maiores obras de Carpenter, o suspense O Enigma de Outro Mundo (1982), um dos maiores clássicos da década, com um enredo excepcional, personagens memoráveis e efeitos visuais impressionantes até hoje.
Outro diretor conhecido por seu uso de efeitos visuais e a mistura de elementos de vários gêneros é David Cronenberg. Ele começou a década com Scanners (1981), o filme com a bizarra premissa de pessoas com a habilidade de ler e explodir mentes, o que ficou imortalizado na imagem da cabeça de Louis Del Grande sendo destruída de dentro para fora. Logo depois, lançou o ainda mais absurdo Videodrome (1983), envolvendo uma viagem louca sobre o poder da mídia.
O diretor começou a atrair cada vez mais a atenção do público e cresceu de verdade com a chegada do remake de um clássico com Vincent Price da década de 1950, A Mosca (1986). Uma obra-prima do horror com toques de ficção científica, esse é o primeiro grande sucesso da carreira de Cronenberg, estrelando Jeff Goldblum interpretando um cientista que falha em um de seus experimentos e acaba sofrendo uma mutação assustadora. Se você quer ter uma aula de efeitos visuais (práticos), faça uma dobradinha com A Mosca e O Enigma de Outro Mundo.
Agora saindo um pouco do terror e suspense, vou focar em alguns filmes mais leves, como comédias, e nesse caso não dá para evitar Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica (1989), a história de dois adolescentes usando uma máquina do tempo para fazer um trabalho de história e passar de ano. Esse filme é um guilty pleasure de muitas pessoas, então mesmo que não seja indispensável, merece uma menção por ser uma jornada divertida com Keanu Reeves e George Carlin no elenco.
E já que estamos em guilty pleasures, porque não mencionar alguns que podem não ser grandes filmes mas tem uma característica ou outra que merece sua atenção, como o longa de Flash Gordon (1980), bastante datado para a própria época mas com a banda Queen encarregada pela trilha sonora, o que já deixa a experiência mil vezes melhor. Outro que pode não ser perfeito mas chegou a render uma continuação anos depois foi Tron (1982), que não tem o melhor roteiro do mundo mas deixou o público surpreso com alguns avanços técnicos para a sétima arte.
Mas há um filme que divide muitas opiniões entre os fãs do material original e cinéfilos em geral: o épico dirigido por David Lynch, Duna (1984). Baseado na obra de Frank Herbert, Duna é um filme bastante fiel em todos os pontos principais da trama, mas com efeitos visuais que não envelheceram tão bem quanto outros longas da época e um ritmo que não agrada todos. Particularmente, considero um filme competente com bons visuais (ainda que o problema dos efeitos se mantenha), mas nada que chegue perto da grandiosidade do livro.
Aqui é onde eu indico um filme muito bom que merecia bem mais atenção, e o longa da vez é Viagens Alucinantes (1980). Dirigido por Ken Russell, essa obra foi bem arriscada para seu tempo, com uma montagem diferente e abordagem incomum dos temas. É uma premissa aparentemente simples envolvendo um cientista estudando a mente humana, mas logo nos encontramos em uma experiência que vai ficar pra sempre na sua cabeça. Com visuais inesquecíveis, Viagens Alucinantes inspirou outras FC como Stranger Things ou The OA. Assista, vale a pena!
Antes de seguir para a trindade sci-fi da década de 80, vou destacar mais um FC de ação que deu origem a outra franquia de sucesso: Robocop (1987). Comandado por Paul Verhoeven, que no ano seguinte estaria dirigindo O Vingador do Futuro (Schwarzenegger de volta), Robocop é mais um exemplo que usa elementos da ficção científica para desenvolver um ótimo filme de ação. Se não fosse pela ambientação e o enredo amarrado do longa, ainda assim teríamos Peter Weller como Alex Murphy, o policial que sofre um acidente e tem seu corpo reconstruído para dar lugar ao maior combatente da lei de uma Detroid futurista.
Com tantos filmes de ação e terror nesta lista, parece que não sobra espaço para uma diversão em família. É por isso que deixei dois grandes sucessos de crítica e bilheteria para esta parte da lista, começando com E.T.: O Extraterrestre (1982), de um Steven Spielberg que já estava bastante famoso por conta de Tubarão e Indiana Jones, mas não perdeu o fôlego e continuou com filmes que estiveram no topo das bilheterias e agradaram toda a família.
Mas se tem um lançamento que marcou ainda mais a geração é o de um diretor até o momento pouco conhecido, que conseguiu ter Spielberg na produção do filme que faria sua carreira. O diretor é Robert Zemeckis e o filme é De Volta Para o Futuro (1985). Uma das produções mais charmosas e atemporais do cinema, esse é o tipo de filme impossível de odiar, com uma direção competente, um roteiro intrigante, elenco perfeito, efeitos visuais de qualidade e muita música boa. Michael J. Fox e Christopher Lloyd trouxeram um coração para o filme como poucos conseguiram até hoje, o que faz dessa obra um dos maiores clássicos da história do cinema.
Existe algo maior que De Volta para o Futuro? Por mais que este seja um dos filmes que melhor represente a época, decidi deixar para o final aquele que praticamente trouxe grande parte do apelo estético de um subgênero inteiro, no caso o cyberpunk, com Blade Runner (1982). Com conceitos visuais inspirados no que seria um filme de Duna por Alejandro Jodorowsky e temas explorados no livro de Philip K Dick, Adroides Sonham com Ovelhas Elétricas?, Ridley Scott provou mais uma vez ser um gênio no que faz e um dos nomes mais importantes para a ficção científica, tendo lançado o filme sobre o caçador de androides apenas três anos depois de Alien, O Oitavo Passageiro.
Uma experiência única estudada até hoje por conta de seus temas e iconografia, Blade Runner é celebrado como uma das maiores obras do gênero, precursor de várias características que logo tornariam-se obrigatórias para o gênero e parte do imaginário do público. Um filme necessário que merece destaque como a maior obra sci-fi da década.
O que achou da lista? Diga nos comentários que filmes ficaram faltando para você. As Aventuras de Buckaroo Banzai (1984);Cocoon (1985);Repo Man (1984)?
Há tantos filmes que não couberam aqui por pouco, então deixei apenas os que considero essenciais para compreender melhor a década em que foram lançados. Fiquem atentos para a próxima lista — enquanto isso leiam as anteriores e deixe nos comentários seus favoritos. Até a próxima!
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